
No dia 6 de janeiro de 2012, comemoramos o centenário do nascimento do grande pensador brasileiro José Pedro Galvão de Sousa (1912-1992). O ano de 2012, entre várias e notáveis efemérides, deu-nos a ocasião de celebrar o centenário de um dos maiores filósofos do direito e da política que este país já conheceu, e que infelizmente ainda é tão pouco divulgado entre os brasileiros, mesmo entre os que se dedicam ao direito, à política, à história e aos problemas brasileiros em geral. Este espaço eletrônico é uma homenagem a José Pedro Galvão de Sousa e um presente à geração que hoje em dia estuda e ama o Brasil.
A Terra da Santa Cruz mereceria, no centenário de José Pedro Galvão de Sousa, uma maior divulgação de sua obra, e nisso temos responsabilidade principal aqueles que temos a dita de conhecer-lhe as ideias tão fecundas, tão arraigadas no solo firme da brasilidade. A dedicação de José Pedro Galvão de Sousa ao Brasil — “Pátria Imperial”, no dizer do amigo e colaborador de José Pedro, Arlindo Veiga dos Santos (1902-1978), fundador da Frente Negra Brasileira (primeira entidade do movimento negro brasileiro) e do Centro Pátria Nova (mais influente organização monárquica que já houve no Brasil, fundado em 1928) — está plasmada em centenas de livros e artigos em que o professor traça as origens de nossa Pátria e aponta o caminho seguro para a reforma e restauração de suas instituições, à luz do direito natural e da formação e costumes próprios do povo brasileiro.
A obra de José Pedro Galvão de Sousa — junto com a de outros autores que ressaltam a tradição hispânica do Brasil, entre os quais o pernambucano Gilberto Freyre (1900-1987) — permite-nos, no Brasil do século XXI, tão descaracterizado por instituições, ideologias e costumes importados de povos estrangeiros, compreender e abraçar o Brasil perene, a Terra da Santa Cruz, em que a lusitanidade cristianizadora, aberta às diversas culturas do mundo, soube integrá-las num complexo dificilmente superável por qualquer outra civilização. O aspecto multidisciplinar da produção intelectual de José Pedro Galvão de Sousa — o qual tratou de filosofia, direito, política, sociologia, história, e chegou a escrever um catecismo para seus filhos, prefaciado por Mons. Octávio Nicolás Derisi (1907-2002), grande tomista argentino —, e ao mesmo tempo sua base filosófica na doutrina de Santo Tomás de Aquino, torna-a um guia amplo e seguro para conhecer a formação da Pátria e trabalhar pelo bem comum.
No centenário de nascimento de José Pedro Galvão de Sousa, gostaríamos que sobretudo o grande pensador fosse lido e divulgado. Pretendemos que em breve se possam anunciar eventos acadêmicos e, quem sabe, lançamento de livros — a exemplo da prestigiosa editorial espanhola Marcial Pons, que ano passado publicou La representación política, tradução castelhana. José Pedro Galvão de Sousa era um bom católico que, no vendaval que pretendeu tomar conta da Igreja e do mundo a partir dos anos sessenta, manteve-se fiel à doutrina tradicional e em união com o Papa; junto com grandes intelectuais católicos, como o já citado Mons. Derisi, o francês Jean Ousset (1914-1994) e o catalão Francisco Canals Vidal (1922-2009), entre tantos mais que deram valioso testemunho a ser seguido por nós, que ainda vivemos crise não pequena.
No domingo dia 8 de janeiro de 2012, às 10h, foi celebrada a Santa Missa pelo descanso eterno da alma de José Pedro Galvão de Sousa, dois dias depois do centenário de seu nascimento. A Santa Missa foi celebrada na Matriz dos Sagrados Corações — no bairro da Ponta da Areia, na cidade de Niterói — de acordo com o Missal Romano promulgado pelo Papa São Pio V e publicado novamente em 1962 pelo Bem-Aventurado Papa João XXIII — pelo Reverendíssimo Padre Demétrio Gomes, diretor do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário São José da Arquidiocese de Niterói.